Mitos e verdades sobre a fertilização in vitro - Keep N´ Pop

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Mitos e verdades sobre a fertilização in vitro


Há casais que sofrem de problemas de saúde que podem causar infertilidade. Isso faz com que tenham dificuldades em engravidar, mesmo quando a mulher ainda está em seu período reprodutivo. Nesses casos, é possível recorrer a técnicas de reprodução assistida, sendo a FIV (fertilização in vitro) a mais realizada no mundo devido às suas altas taxas de sucesso.
Contudo, em se tratando de uma inovação na área de medicina, a FIV também gera uma série de questionamentos. Os médicos da Clínica Origen, Dr. Marcos Sampaio* e Dr. Selmo Geber*, desvendam alguns mitos sobre o procedimento e as principais dúvidas ao se tratar do tema.
*Para esclarecer ou explorar algum ponto, estão disponíveis para entrevistas

A fertilização in vitro pode ser feita em qualquer idade
Mito. Indica-se, hoje, que as mulheres devam tentar a técnica até os 43 anos de idade, pois a viabilidade do embrião se reduz significativamente a partir desse momento. Entretanto, há casos de mulheres que, mesmo após os 43, conseguiram engravidar pelo procedimento de FIV.

Quanto mais embriões utilizar, maiores as chances de sucesso
Mito. A taxa de sucesso depende diretamente da qualidade do óvulo, que por sua vez está relacionada à “idade do óvulo”. Quanto mais jovem, maiores as chances de sucesso, independentemente do número de embriões. Por isso, mulheres mais jovens tem menos embriões transferidos.

É possível avaliar a fertilidade pelo ultrassom transvaginal
Verdade. Esse exame é essencial para verificar os órgãos reprodutores femininos. Isso porque é possível identificar os ovários e o útero. Por meio dele também é possível avaliar a reserva ovariana da mulher fazendo a contagem de folículos antrais. Dessa forma, ele auxilia na investigação e no tratamento da infertilidade.



Inseminação Artificial e Fertilização In Vitro são os mesmos procedimentos com nomes diferentes
Mito. Fertilização in vitro consiste na junção do óvulo com espermatozoide em laboratório (in vitro) e posterior transferência do embrião já formado para o útero. Inseminação artificial é a transferência intrauterina do sêmen preparado no momento da ovulação, após estímulo hormonal adequado (a fecundação ocorre naturalmente no organismo da paciente). As duas técnicas têm indicações específicas, avaliadas pelo médico especialista.

A fertilização in vitro pode ser usada para prevenir as doenças hereditárias?
Verdade.  A FIV pode prevenir doenças hereditárias. Os futuros pais, sabendo da existência de alguma doença genética, podem recorrer à seleção de embriões sem os genes responsáveis pela doença.  Ao optar pelo diagnóstico genético pré-implantacional, a chance de desenvolver a doença avaliada é muito inferior. Quando os futuros pais sabem de alguma doença genética na família, podem recorrer à técnica de seleção de embriões, por meio da qual são escolhidos aqueles que não possuem o gene portador do mal que aflige a família.

 A técnica é indicada apenas para mulheres com alterações tubárias
Mito. Casais com dificuldades para engravidar podem recorrer a esse procedimento mediante indicação médica. As razões que levam diversas pessoas a procurar pelo método são muito mais amplas, podendo incluir, inclusive, problemas de fertilidade por parte do próprio homem, como baixa contagem de espermatozoides e casais homossexuais que buscam por alternativas para formar uma família.

O bebê gerado pela fertilização in vitro é menos saudável
Mito. A diferença entre a fertilização natural e a in vitro acontece apenas até o momento da fecundação, já que o restante da gestação ocorre de maneira normal, no útero da mãe ou barriga de aluguel. Isso significa que o bebê gerado por esse método tem as mesmas chances de se desenvolver de forma saudável e normal quanto qualquer outro.


A fertilização in vitro funciona 100% das vezes
Mito. Não há como prover tal garantia, pois a implantação depende de uma série de fatores, principalmente da idade da mulher provedora do óvulo. Porém, em muitos casos, essa é a melhor chance do casal.

No Brasil já é possível pagar por uma barriga de aluguel
Mito. No Brasil a “barriga de aluguel” (útero de substituição) não tem caráter financeiro. Tal prática tem caráter altruísta e é permitida entre parentes ou em casos especiais autorizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Curiosidade:
A fertilização in vitro é uma das técnicas mais modernas de tratamento da infertilidade. O primeiro bebê de proveta, gerado através da técnica de fertilização in vitro, foi Louise, que nasceu em 1978. A partir de então a técnica foi continuamente aperfeiçoada e hoje pode ser indicada para vários casais com os mais diferentes tipos de dificuldade em ter filhos.
Sobre Dr. Marcos Sampaio
Marcos Sampaio é formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, em 1987, obteve diploma em Fertilização in Vitro e investigação biomédica na Faculdade de Medicina de Valência, na Espanha. Em 1992, concluiu o doutorado em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Valência. Foi médico convidado do Instituto Valenciano de Infertilidade por cinco anos. O pós-doutorado em Embriologia e Fertilização foi concluído na Universidade de Melbourne – Austrália – onde trabalhou com um dos pioneiros da Fertilização in vitro no mundo, Prof. Alan Trounson. É o Diretor do Centro de Medicina Reprodutiva – Clínica Origen. Possui mais de 50 artigos científicos publicados e diversos capítulos de livros, além de 3 livros.
Sobre Dr. Selmo Geber
Formado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1989. Residência médica no Hospital Mater Dei e título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBASGO. Realizou doutorado em Fertilização in vitro e Embriologia no Royal Postgraduate Medical School, Universidade de Londres (Inglaterra) com os estudos pioneiros no mundo, em diagnóstico genético preimplantação. Pós Doutorado com pesquisa em células-tronco embrionárias. Livre docente pela UNESP. É Professor Titular do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e Diretor da Rede Latino americana de Reprodução Assistida, para o Brasil. É pesquisador do CNPq. Possui 10 livros publicados, mais de 50 capítulos de livros e mais de 100 artigos científicos publicados em revistas especializadas.

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