A desconstrução sobre os tabus do prazer feminino está acontecendo de forma lenta e gradual, dizem especialistas
Foto: Freepik A sexualidade ainda é um tema cercado de preconceitos, mas quando o assunto envolve o prazer feminino, os tabus são ainda maiores. Segundo a Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Pessoal (ABEMSS), por receio a tudo que envolve o assunto, muitas mulheres não sabem exatamente o que lhes agrada ou desagrada. Como consequência, mais de 50% das mulheres nunca experimentaram um orgasmo, segundo dados da entidade. Essa conclusão também aparece em pesquisas internacionais e reforça que a questão é ainda maior para mulheres heterossexuais. Estudo publicado pela revista The Journal of Sexual Medicine e conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá mostra que as taxas de orgasmo variam de acordo com gênero, idade e orientação sexual. Na pesquisa, mulheres heterossexuais relataram ter menos orgasmos do que homens e mulheres lésbicas. O tabu faz com que muitas mulheres deixem de viver o prazer, e o conhecimento é o caminho apontado por especialistas da área para reverter essa realidade. O acesso a conteúdos sobre sexualidade, o uso de acessórios sexuais, como o pênis de silicone, e a liberdade de dialogar sobre o assunto ajudam na descoberta do prazer e na compreensão sobre como se relacionar com o próprio corpo. Estudos mostram como mulheres enxergam o sexo e o prazer Ao longo da história, a sexualidade feminina sempre foi reprimida, fazendo com que alguns assuntos sejam considerados proibidos ou vergonhosos. A ABEMSS informa que a aparência do corpo, a masturbação feminina e outros tópicos relacionados ao sexo e ao prazer feminino são frequentemente evitados pelas mulheres por serem considerados tabus. Os resultados dessa repulsa a tudo que envolve a sexualidade é a falta de informação. Uma pesquisa encomendada pelo O Boticário e conduzida pela Think Eva, consultoria que promove soluções para as desigualdades de gênero, revela que 32% das mulheres entrevistadas não sabem o que são áreas erógenas e que 60% não se dedicam o suficiente ao próprio corpo. Os tabus e os estereótipos com o prazer feminino afetam como as mulheres enxergam o sexo. Um levantamento feito com mais de 2 mil pessoas pelo aplicativo Gleeden identificou que, enquanto 84% dos homens reconhecem que o prazer sexual e o sexo são importantes, entre as mulheres, o percentual é de 63%. Desconstrução tem sido ‘lenta e gradual’ Em entrevista à imprensa, a fisioterapeuta pélvica, Mônica Lopes, explica que apesar de o prazer feminino ser uma vivência marcada por tabus, há um processo de desconstrução acontecendo, mesmo que lento e gradual. Outros profissionais que atuam em áreas que exploram a sexualidade também concordam e dão dicas sobre como avançar nesse sentido. A especialista mexicana em prazer sexual, Fabiola Trejo, afirmou em entrevista para a imprensa que, apesar de ser difícil para muitas mulheres, o caminho é conhecer o próprio corpo. Segundo ela, é fundamental que as mulheres entendam como funciona o prazer do corpo feminino por meio de conteúdos informativos. A especialista destaca a importância de se olhar no espelho e se tocar para despertar sensações e identificá-las. A sexóloga espanhola Raquel Graña analisa que usar produtos na hora do sexo pode ajudar na descoberta do prazer. Em entrevista à imprensa, ela destaca que o uso de lubrificantes é importante para deixar o ato mais confortável. Quanto ao uso de brinquedos e produtos sexuais, Raquel diz que eles podem ser aliados, mas que cada pessoa deve ficar livre para experimentar o que quiser. Em lojas de produtos eróticos físicas, é possível encontrar lubrificantes, plugs anais, óleos aromáticos e fantasias que podem ajudar a deixar o sexo mais prazeroso. Fabíola destaca ser importante ter uma comunicação ativa com o parceiro. Mulheres que procuram mais prazer nos seus relacionamentos precisam estar abertas ao diálogo sobre o que gostam, o que sentem vergonha e os seus desejos sexuais. O hábito de conversar sobre o sexo pode ajudar o casal a criar mais sintonia, e, consequentemente, favorecer o orgasmo. |
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